Entraves do agronegócio

Por José Martins de Godoy

Parece inconcebível fazer-se oposição ao agronegócio brasileiro. O país, de importador de alimentos, tornou-se grande produtor, garantindo o abastecimento interno e geração de divisas pelo grande volume de exportação de grãos e proteína animal. Para o crítico de má fé ou desavisado, tudo parece um mar de rosas, com os produtores surfando em ondas favoráveis, usufruindo das melhores condições providas pela natureza e as devastando. Na realidade, o setor enfrenta sérios entraves e desafios que influenciam o desenvolvimento e rentabilidade das atividades, entre os quais citam-se as condições climáticas, o custo de insumos, a oscilação dos preços de venda dos produtos, pessoal capacitado, energia cara, infraestrutura precária, manutenções constantes, pragas.

Quanto às propriedades, além das exigências como Reserva Legal, APPs, há que proteger as nascentes, cuidar das pastagens com adubação, manter dos sistemas de irrigação e cercas, combater erosões, construir aceiros para proteção contra incêndios. Para a produção de alimentos para o gado, os itens críticos são os insumos, funcionamento correto do sistema de irrigação para economia de energia e sua manutenção e ainda adequado armazenamento da produção nos silos. Em todas as operações são necessárias tecnologias apropriadas; usam-se máquinas caras com elevado consumo de combustíveis e manutenções constantes. Para completar, há vários tributos como o ITR; taxa de uso da água ao IGAM; ICMS, IR e CSLL sobre os produtos vendidos; custo do Relatório Anual para o MP sobre questões ambientais. Como se vê, o trabalho no campo não é uma atividade trivial.

Temos uma propriedade de médio porte. Recentemente, tive a oportunidade de analisar in loco as operações e procedimentos da bovinocultura e produção de silagem para os animais, num período de muitas chuvas, em que muitos prejuízos foram causados. Ao analisar os custos dos insumos e os operacionais e compará-los com o valor atual da arroba de gado, verifica-se que a conta não fecha, o que acarretou significativo déficit em 2023. Assim, impõe-se severa contenção de custos, mas onde cortar? Trata-se de verdadeira mágica, pois quase tudo é essencial. O tradicional é redução de pessoal, o que nos recusamos a fazer. Além da produção, o agronegócio traz grande benefício para o país na geração de empregos e renda. E isto é fundamental.

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